PAPO DE ARQUIBANCADA - Torcidas organizadas ou desorganizadas? - 19/07

Por Rogério Vargas

Torcidas organizadas ou desorganizadas?



Ultimamente temos visto em nossos estádios brasileiros uma crescente de torcidas organizadas. Ou melhor, algumas se ofendem se assim são chamadas. São eles os “barra-bravas”, uma imitação mais que barata de torcidas latinas. Mas o que são os tais barras-bravas? Qual sua diferença para uma torcida organizada?

Na minha época, torcida organizada ia ao estádio para apoiar o time, independente do resultado. Vaiava, xingava, cobrava, mas acima de tudo estava lá, com chuva ou sol. Derrota ou vitória. Importava apenas o apoio ao time, sem importar se receberíamos “incentivos” da direção, ou se o jornal local falaria de nós. Não era esse nosso objetivo.

Já hoje em dia, chego a ter dúvidas sobre o real objetivo da torcida. Não que duvide do seu apoio ao time. Mas duvido das suas atitudes. Por exemplo. Você vai ao estádio para assistir ao jogo. Seu time perde jogando mal. Você reclama, xinga o treinador e jogadores. Nesse meio tempo, alguns integrantes dessa “barra-brava” vem e lhe ameaça, por achar que você não apóia o time. Tudo bem, concordo em partes.

Agora, quando esses mesmos “barra-bravas” se revoltam com o time, virando as costas para o campo, ou chamando diretores e treinadores de “burro”, para ficar nos melhores xingamentos, o que eles estão fazendo? Não estão praticando a mesma coisa que aquele pobre torcedor, apelidado de “comedor de amendoim”? Porque as ditas “barra-bravas” podem xingar e se dar ao direito de não permitir que mais ninguém cobre? São eles donos das demais torcidas?

Concordo com movimentos que visam tornar uma torcida mais homogênea. Porém não concordo, nunca vou concordar com essa forma que eles tem de visualizar o futebol. É um jogo para todo mundo, mas não para eles. Para alguns desses torcedores, é motivo de briga e outras coisas.

Porque não voltar para nossas boas e velhas torcidas organizadas? Brigas eram menos comuns, cobranças e agressões a jogadores praticamente inexistiam. Tempos mudam, torcidas mudam, e nem sempre para melhor. E viva os falsos torcedores.

PAPO DE ARQUIBANCADA - Marketing - 14/07

Por Rogerio Vargas

Marketing, necessidade ou luxo?

Bom, hoje falaremos sobre um assunto que é muito cobrado nas arquibancadas do Colosso da Lagoa: Departamento de Marketing. Como todos sabem, o Marketing do Canarinho não é dos melhores, mas muitos devem se perguntar o que isso influenciaria no time em campo, já que atletas devem jogar futebol e não fazer propagandas.
Pois bem, o negócio é o seguinte. O time vai bem em uma temporada, conquista taças, empolga a torcida, ganha espaço na mídia e? Quando seria a hora de colocar o “nome” do time na mídia, ou seja, fazer o nome Ypiranga ficar a cada dia mais forte, ato falho co Canarinho. Com um departamento de marketing deficiente, o Ypiranga conseguiu a façanha de ganhas dois títulos em dois anos e mesmo assim ver seu estádio cada dia mais vazio.
Com as campanhas de 2008 e 2009, quando conquistou o título da segundona e o de campeão do Interior, o Ypiranga teve a chance de se consolidar como paixão dos jovens, sendo uma espécie de Brasil de Pelotas erechinense. Como todos sabem, o clube xavante tem uma torcida totalmente apaixonada, que não divide seu coração com dupla Gre-Nal. Aos poucos, todo o fervor demonstrado em 2008, quando quase 20 mil pessoas assistiam aos jogos do Canarinho, foram acalmando para, em 2009, essa média cair para algo em torno de 5 mil, e nesse ano de 2010, despencar para menos de 2,5 mil pessoas por jogo.
E qual a culpa do marketing? Pelo menos 90%. Porque quem teria que ter atraído associados e torcedores com planos mirabolantes e campanhas atrativas era o marketing do clube. Até concordo que existem modalidades de associados no clube, mas não vejo vantagens em ser sócio. Não vejo promoções atrativas no horizonte dos associados. Não vejo campanhas das escolinhas do clube. Enfim, não vejo marketing no Ypiranga. Concordem ou não comigo, essa é a realidade. E clube sem marketing, é clube sem torcida.

Categorias de Base

Por Rogério Vargas

Bom, ultimamente tenho acompanhado, através da imprensa, o negócio envolvendo o jovem atacante Walter, do Internacional de Porto Alegre. Coisa normal, você deve estar pensando. Jovens jogadores saem todos os dias do Brasil, com promessas de dinheiro fácil na Europa, que com seus Euros seduzem qualquer amor que o mesmo jovem tenha por seu clube formador.

Mas a questão não é essa. A questão são os valores do negócio. Jornais da capital noticiam que o valor gira em torno de 8 milhões de euros, cerca de R$ 17,5 milhões. Muito bem. Mas como o passe do jogador não é apenas do Internacional, detentor de apenas 50% do passe, divida esse valor pelo meio. São R$ 8,7 milhões de reais. Agora, o ponto ao qual eu me referia: metade desse valor pertence ao São José, de Porto Alegre, o famoso Zequinha.
Ou seja, nos próximos dias, com a confirmação da venda, um concorrente direto do Ypiranga para o Gauchão de 2011 receberá, em seus cofres, cerca de R$ 4,5 milhões. Para se formar um plantel com grandes chances de ganhar a taça do Interior, trazendo bom público em todos os jogos e patrocínios baseados nos reforços, é uma excelente quantia. Para quem, como qualquer equipe do Interior, é acostumado a fazer futebol com menos de R$ 400 mil, é mais que suficiente. Ousaria dizer que, pelos próximos dois anos, o Zequinha terá um grande elenco, se souber, é claro, usar e investir esse montante.
Agora me pergunto. O que acontece com nossos jovens jogadores? Porque jogadores como Neuton e Fernando, que agora sobem ao time principal do Grêmio, não tem valor vinculado ao Ypiranga? Sei que o clube recebeu valores em troca dos passes desses dois jogadores, mas será que segurou alguma porcentagem consigo? Ou viverá apenas com a lei da Fifa, de formação do atleta? Com toda a estrutura que tem, o Canarinho tem totais condições de formar atletas de qualidade. E hoje vejo com alegria que as categorias de base do clube estão em atividade, e boa atividade. Creio que logo possamos ter algum “Walter” erechinense nas manchetes por aí. Com grande reforço financeiro para o nosso Canarinho.

Um Colosso de verdade

Bom, o assunto desta semana será nossa casa, nosso palco sagrado. Quem tem alguns anos a mais de idade deve recordar dos áureos tempos co Colosso da Lagoa, em que o estádio ficava lotado para ver e aplaudir as glórias do Canarinho na década de 90. Pois após esse bom período, o Colosso foi caindo no esquecimento com as péssimas campanhas das equipes seguintes, até ser quase abandonado no início dos anos 2000.
Quando tudo parecia perdido, eis que uma solução nunca antes imaginada toma forma. O Instituto Anglicano Barão do Rio Branco, em parceria com o Ypiranga Futebol Clube, passa a co-administrar o Colosso. A partir daí, incontáveis melhorias podem ser notadas.
Começamos pelo gramado. Atualmente, é tido como um dos melhores do interior, tendo inclusive sendo escolhido pela FGF como sede do Gre-Nal nos dois últimos anos. Os vestiários tiveram uma boa melhora, e agora abrigam visitantes com igual qualidade.
As arquibancadas e cadeiras receberam tratamento especial, com novas pinturas inclusive. Até tribunas de honra foram instalados no estádio. Graças a uma parceria que tinha tudo para dar certo, e se confirmou. Hoje o Ypiranga volta a figurar entre os grandes, para delírio do seu fiel torcedor, e a cada ano se consolida mais como uma das forças do interior. Uma prova de que um bom time pode sim começar pela infra-estrutura do clube.